Row Locks (TX) – Como identificar a linha bloqueada
Em um banco de dados multiusuários como o Oracle database, é necessário que exista algum tipo de bloqueio de dados para que possam ser resolvidos os problemas associados à simultaneidade, consistência e integridade de dados. Estes bloqueios são mecanismos que impedem a interação destrutiva entre as transações que acessam o mesmo recurso.
Um dos tipos de bloqueios existentes é o bloqueio (lock) de linha identificado pelo evento de espera (wait event) “enq: TX – row lock contention”.
Um lock do tipo linha ocorre naturalmente sobre a linha de uma tabela, ou seja, enquanto uma linha (registro) está “alocado”, nenhuma outra sessão conseguirá alterá-lo até que a transação que originou o lock chegue ao seu fim, seja por commit ou rollback.
A identificação de um lock transacional (TX) pode ser realizada de diferentes formas, aqui utilizaremos o script utllockt.sql distribuído pela própria Oracle e encontrado abaixo do $ORACLE_HOME/rdbms/admin
Montando o cenário:
SESSÃO 1:
SQL> select distinct sid from v$mystat;
SID
----------
58
SQL> create table teste (id number);
Table created.
SQL> insert into teste values (1);
1 row created.
SQL> insert into teste values (2);
1 row created.
SQL> insert into teste values (3);
1 row created.
SQL> insert into teste values (4);
1 row created.
SQL> commit;
Commit complete.
SQL> update teste set id=5 where id=1;
1 row updated.
Observe que ao final do UPDATE não foi executado commit ou rollback;
SESSÃO 2:
SQL> select distinct sid from v$mystat;
SID
----------
51
SQL> update teste set id=6 where id=2;
1 row updated.
SQL> update teste set id=5 where id=1;
A sessão 2 (sid=51) ao tentar realizar a alteração da mesma linha da sessão 1 (sid=58) ficou “travada” pois a linha id=1 está bloqueada até que a sessão 1 realize um commit ou rollback do registro.
SESSÃO 3:
SQL> select distinct sid from v$mystat;
SID
----------
56
SQL> update teste set id=6 where id=2;
A sessão 3 (sid=56) ao tentar alterar a mesma linha que a sessão 2 (sid=51) também ficou presa, pois a sessão 2 ainda não concluiu sua transação, desta forma existe a sessão 2 aguardando a sessão 1 e a sessão 3 aguardando a sessão 2 conforme árvore de bloqueio abaixo:
SESSÃO 4:
SQL> set lines 200
SQL> @?/rdbms/admin/utllockt.sql
drop table lock_holders
*
ERROR at line 1:
ORA-00942: table or view does not exist
Table created.
drop table dba_locks_temp
*
ERROR at line 1:
ORA-00942: table or view does not exist
Table created.
2 rows created.
Commit complete.
Table dropped.
1 row created.
Commit complete.
WAITING_SESSION LOCK_TYPE MODE_REQUESTED MODE_HELD LOCK_ID1 LOCK_ID2
----------------- ----------------- -------------- -------------- ----------------- -----------------
58 None
51 Transaction Exclusive Exclusive 196619 958
56 Transaction Exclusive Exclusive 327712 947
Table dropped.
Cenário de bloqueio:
Identificando as linhas bloqueadas:
Sempre que uma sessão fica aguardando um lock transacional (row lock – TX), algumas informações adicionais são pobuladas na v$session:
Utilizando-se destes dados é possível identificar o ROWID da linha bloqueada.
O ROWID é uma pseudocolumn que representa o endereço de cada linha de uma tabela. Os valores desta pseudocoluna são strings que podem conter os caracteres A-Z, a-z, 0-9 e o sinal de mais (+) e a barra (/).
Os rowids são formados pelas seguintes informações:
- Data block: Bloco de dados que contém a linha;
- Row: Linha no bloco de dados;
- Database file: Arquivo de dados que a linha;
- Data object number: Número de identificação do objeto.
Agora basta utilizar o pacote DBMS_ROWID para interpretar os conteúdos de rowid. As funções do pacote extraem e fornecem informações sobre os quatro elementos rowid listados acima.
Como as colunas ROW_WAIT_* da v$session são populadas apenas quando uma sessão está aguardando alguma transação, podemos identificar a rowid (endereço da linha) que as sessões 2 (sid=51) e 3 (sid=56) estão aguardando.
Linha bloqueada da sessão 2:
SQL> set lines 200
SQL> col object_name for a30
SQL> select o.object_name,
2 s.row_wait_obj#,
3 s.row_wait_file#,
4 s.row_wait_block#,
5 s.row_wait_row#,
6 dbms_rowid.rowid_create ( 1, s.ROW_WAIT_OBJ#, s.ROW_WAIT_FILE#, s.ROW_WAIT_BLOCK#, s.ROW_WAIT_ROW# ) as "ROWID"
7 from v$session s, dba_objects o
8 where s.sid=51
9 and s.ROW_WAIT_OBJ# = o.OBJECT_ID;
OBJECT_NAME ROW_WAIT_OBJ# ROW_WAIT_FILE# ROW_WAIT_BLOCK# ROW_WAIT_ROW# ROWID
------------------------------ ------------- -------------- --------------- ------------- ------------------
TESTE 57927 1 83065 0 AAAOJHAABAAAUR5AAA
SQL> select * from teste where rowid='AAAOJHAABAAAUR5AAA';
ID
----------
1
Linha bloqueada da sessão 3:
SQL> select o.object_name,
2 s.row_wait_obj#,
3 s.row_wait_file#,
4 s.row_wait_block#,
5 s.row_wait_row#,
6 dbms_rowid.rowid_create ( 1, s.ROW_WAIT_OBJ#, s.ROW_WAIT_FILE#, s.ROW_WAIT_BLOCK#, s.ROW_WAIT_ROW# ) as "ROWID"
7 from v$session s, dba_objects o
8 where s.sid=56
9 and s.ROW_WAIT_OBJ# = o.OBJECT_ID;
OBJECT_NAME ROW_WAIT_OBJ# ROW_WAIT_FILE# ROW_WAIT_BLOCK# ROW_WAIT_ROW# ROWID
------------------------------ ------------- -------------- --------------- ------------- ------------------
TESTE 57927 1 83065 1 AAAOJHAABAAAUR5AAB
SQL> select * from teste where rowid='AAAOJHAABAAAUR5AAB';
ID
----------
2
Neste exemplo (cenário), como não foi utilizado bind variables nas operações DML é possível identificar também o valor bloqueado pelo próprio texto sql da instrução:
SQL> select sql_id from v$session where sid=51;
SQL_ID
-------------
g7tsgdb2thq5t
SQL> select sql_fulltext from v$sql where sql_id='g7tsgdb2thq5t';
SQL_FULLTEXT
--------------------------------------------------------------------------------
update teste set id=5 where id=1
SQL> select sql_id from v$session where sid=56;
SQL_ID
-------------
7r7ugkhm1bnaz
SQL> select sql_fulltext from v$sql where sql_id='7r7ugkhm1bnaz';
SQL_FULLTEXT
--------------------------------------------------------------------------------
update teste set id=6 where id=2
Com a utilização de bind variables a instrução retornada seria similar a:
update teste set id=:b2 where id=:b1
A identificação da instrução também é importante para saber quais colunas estão sofrendo alterações, pois a linha retornada pelo rowid pode conter várias colunas diferentemente do exemplo onde a tabela possuía apenas uma coluna.
Referências
- https://docs.oracle.com/database/122/CNCPT/data-concurrency-and-consistency.htm#CNCPT1313
- https://docs.oracle.com/database/122/REFRN/V-SESSION.htm#REFRN30223
- https://docs.oracle.com/database/122/SQLRF/Data-Types.htm#SQLRF50998