Pular para o conteúdo

Guia de Tuning de Banco de Dados Oracle: Melhore a Performance e Evite Lentidão

Tuning

Um pouco sobre ajustes de performance.

Tuning vem do verbo em inglês to tune, que pode ser traduzido como “ajustar”.

Calma, este post não será sobre tuning automotivo … se bem que eu gostaria muito de comentar sobre as rodas e o aerofólio que estou querendo comprar para o meu pálio, rsrs. O assunto agora é  Tuning de banco de dados.

Conceito

Tuning de banco de dados refere-se a ações de ajuste no servidor Oracle a fim de prover performance.
As ações de ajuste no banco de dados geralmente são feitas com o sistema já em pé, funcionando a todo o vapor… e com os usuários reclamando que tá tudo lento! O ideal é que o tuning seja feito de forma proativa e diária.

Métodos de tuning

Como dito anteriormente, o tuning pode ser feito por duas razões: Preventivamente ou reativamente. É obvio que tunar o sistema durante sua implementação é o ideal, dentro daquele novíssimo ditado “melhor prevenir do que remediar”. Porém, como todos já sabemos, a maior parte das açoes de tuning é reativa: o usuário final reclama de lentidão, e lá vai o DBA correr atrás do problema, muitas vezes gerando retrabalho.

Porém, não adianta muito analisar um problema isoladamente no banco de dados, e é isso que quero demonstar neste post: Devemos olhar o servidor de banco de dados como um todo, envolvendo o hardware, o sistema operacional, a aplicação e o próprio servidor oracle.

Outra coisa importante: não pense que tuning é uma ação única e definitiva: ele deve ser constante, fazendo parte da rotina de todo administrador de banco de dados.
A Oracle recomenda que seja seguida uma ordem nos passos de tuning, sendo que os passos com maior impacto devem ser realizados primeiro.
Abaixo, os passos (por prioridade de ajuste):

1º – A regra de negócio
2º – A modelagem dos dados
3º – A modelagem da aplicação
4º – A estrutura lógica do banco de dados
5º – As operações do banco de dados
6º – O caminho de acesso
7º – Memória
8º – I/O e estrutura física
9º – Contenção de recursos
10º – Plataforma Base

1 – Regra de Negócio

O planejamento das necessidades de performance correspondem diretamente à necessidade do negócio.

Com as regras de negócio, conseguimos levantar qual a espectativa do numero de usuários concorrentes, o tempo de resposta da transação, o número de dados gravados online que o sistema deverá suportar.

2 – Modelagem dos Dados

Nesta fase, de acordo com as regras de negócio, é importante determinar que tipo de dados deverão ser armazenados. Deverão ser definidos quais os relacionamentos e atributos são importantes para o sistema, consequentemente, as chaves primárias e estrangeiras.

É aqui que são definidos qual o nível de normalização a ser utilizado. Geralmente, normalizar até a 3º forma normal é recomendado, porém, de acordo (de novo) com as regras de negócio, algumas estruturas podem ser desnormalizadas (visando performance)

É neste ponto que você deverá considerar :

a) O particionamento de dados;
b) o uso de índices globais ou locais.

3 – Modelagem da Aplicação

Neste ponto, é necessário “traduzir” os objetivos do negócio em um sistema efetivo. Alguns processos podem tornar-se desde funcionalidades, ou até sistemas completos. É aqui que devem ser consideradas a configuração dos processos individualmente.

4 – Estrutura Lógica

Depois da modelagem do sistema e da aplicação, é a hora de “conceber” o banco de dados. No passo 2, foram definidas as chaves primárias e estrangeiras, e agora é hora de “refinar” estes índices, além de acrescentar índices adicionais para suprimir todas as necessidades da aplicação.

5 – Operações

Agora é a hora de tunar nossas “benditas” queries. No mundo ideal, os desenvolvedores de aplicação (e arquitetos de sistema) deveriam conhecer o funcionamento do Oracle na recuperação dos dados, a fim de escrever códigos sql <<<consistentes>>>. É nesta parte onde estão concentrados os maiores problemas de performance – e onde o DBA mais sofre. Preventivamente, o dba deve acompanhar este processo, orientando os programadores a utilizar corretamente os recursos do banco de dados, como os índices, funções, hints.

Na minha humilde opinião, todo o dba deve explicar -neste ponto- o que é o Oracle Optmizer ( nos próximos posts irei falar sobre ele, nosso maior amigo).

6 – Caminho de Acesso

Neste passo, deve ser assegurado o acesso eficiente aos dados, considerando o uso de clusters, hash clusters, índices B-Tree e indices de bitmap.

7 – Memória

Este ponto diz respeito à correta alocação de memória para as estruturas do servidor Oracle, como o dicionario de dados, library cache, buffer cache, entre outras.
É aqui onde muito DBA comete o terrível erro de alocar mais memória para a SGA do que o sistema tem disponível, afetando o desempenho do Sistema Operacional, além de causar terríveis swappings…

8 –  I/O e estrutura física

É um problema que afeta o desempenho do servidor como um todo. O processo de tuning de I/O e estruturas físicas envolve, entre outros coisas, a distribuição dos dados de acordo com os dispositivos existentes, evitando contenção de disco.

A sugestão da IBM para distribuição de discos é a separação dos dados, conforme abaixo:

* Tablespaces de dados
* Tablespaces temporárias
* Segmentos de redo log
* Dados do aplicativo
* Índices de aplicativos

9 – Contenção de Recursos

Processamento concorrente causado pelo acesso de multíplos usuários pode causar contenção de recursos do Oracle.
Deve-se ter atenção aos seguintes tipos de contenção:
* Block contention
* Shared pool contention
* Lock contention
* Pinging (in a parallel server environment)
* Latch contention

10  – Plataforma Base

De acordo com a plataforma escolhida, há ítens que devem ser ajustados. Por exemplo, em ambientes Unix devemos nos atentar a:

* Tamanho do UNIX buffer cache
* Gerenciamento dos Logical volume
* Memória tamanho para cada processo.

Bem, este post é uma introdução à outros que pretendo colocar no site a respeito de tuning, especialmente sobre tuning de aplicação  (que é onde tenho mais experiência).  Lembrando que os passos acima são recomendações da Oracle e dizem respeito ao mundo ideal (se você está terminando a graduação, é isto que seu professor vai querer encontrar no seu TCC, rsrs).

Então,

Até mais!

lilian

lilian

Comentário(s) da Comunidade

  1. Avatar de Regis Araujo

    Bom dia Lilian..!!

    Excelente Post.. Da uma ideia de onde começar um Tunning.. Pois o dificil é quando chegam e falam.. Vamos fazer Tunning do Banco de Dados.. A pessoa se pergunta.. Por onde começar?? O que preciso ver primeiro?

    No minha opinião.. Tunning deve ser efetuado tanto pelo DBA quanto pelo desenvolvedor da aplicação.. Pois muitas vezes o que ocasiona a lentidão no banco são conexões mau feitas dos sistemas e/ou instruções SQL que estão “chumbadas” na aplicação e o DBA não tem acesso.. Não adianta o DBA ajustar o I/O em disco.. fazer analyse.. rebuild de indices para uma Tablespace exclusiva de indices.. Criar novos indices.. etc.. e ter uma aplicação modelada de forma errada e com instruções SQL de má qualidade…

    O Tunning é algo que envolve muito mais que apenas 1 pessoa.. Para o bem estar em comum.. tanto da aplicação quanto do banco de dados..

    Parabens.. =)

  2. Avatar de Lílian Barroso

    A minha maior dor de cabeça são as queries mal elaboradas, principalmente porque o desenvolvedor muitas vezes não conhece Oracle, e conhece pouco de sql (eu fico muito brava com aquelas queries complexas cheias de funções e hints… o pessoal tem que aprender que SQL não é linguagem procedural e o Oracle não é burro!).

    Se o DBA se envolver de forma construtiva com o desenvolvedor, muita dor de cabeça seria evitada, para os dois lados.

  3. Avatar de Márcio de Souza Almeida
    Márcio de Souza Almeida

    Isso que você colocou seria o mundo ideal e feliz…
    Pena que as pessoas prefiram viver num mundo alternativo, fast food, fast program, fast dor de cabeça…
    Tento implementar partes disso que você colocou e a resistência é muito grande, as desculpas são as mais variadas e as conseqüências são as mais desastrosas…

  4. Avatar de Eduardo Legatti

    Olá Lílian,

    Parabéns pelo post. Acredito que, no mínimo, existam 2 tipos de DBA’s hoje no mercado.

    O tipo 1 seria aquele DBA que trabalha no servidor de produção realizando manutenções necessárias de tuning, sugerindo ajustes de memória e I/O quando necessários, realocação de arquivos de banco de dados, criação e execução de políticas de backup/recovery, aplicações de pacthes e correções críticas, entre outras … sem ter uma noção clara de como os SQL’s foram codificados nas aplicações de terceiros executadas no servidor.

    O outro tipo de DBA (tipo 2) que é mais o meu caso, é aquele voltado para o desenvolvimento de aplicações na qual é de fundamental importância o conhecimento das regras de negócios de forma a fornecer a melhor solução de banco de dados para um determinado tipo de problema, possuir conhecimentos sólidos de modelagem de dados, sugerir a criação de um padrão de nomenclatura de objetos de banco de dados e conseqüentemente fiscalizar e garantir o uso desse padrão pelos analistas de sistemas e desenvolvedores. Outra tarefa seria a criação de uma política de melhores práticas de construções de instruções SQL, realização de análise de performance dos SQL’s construídos de forma a capturar o melhor plano de acesso aos registros e, assim, realizar os ajustes necessários avaliando a necessidade de criação de índices (btree/bitmap), views materializadas, tabelas/índices particionados, etc…

    Em resumo, o trabalho do DBA tipo 2 seria mais de prover suporte à equipe de desenvolvimento, garantindo a qualidade das aplicações desenvolvidas no que se refere ao modelo e acesso ao banco de dados.

    Em resumo, acredito que um bom trabalho realizado pelo DBA tipo 2 facilitaria muito, em parte, o trabalho realizado pelo DBA tipo 1.

    Abraços …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress